Uma visão coletiva dos trânsitos astrológicos

Os trânsitos tem uma importância fundamental em termos do desenvolvimento pessoal  e social de um indivíduo, especialmente em um
mundo cada vez mais urbano, onde as pessoas se aglomeram em grupos cada vez
maiores. Existem as técnicas astrológicas que apontam os ciclos pessoais de
desenvolvimento e experiências: as progressões, direções e revoluções solares.
Mas os trânsitos atuam em outro nível: Apesar de eles nos influenciarem em
nível pessoal, apesar de todos nós respondermos aos seus estímulos e
movimentações, é num cenário coletivo que os trânsitos exercem seu maior
impacto. Porque quando um planeta forma, por exemplo, uma oposição  com um planeta do seu mapa, não é somente
você que tem a percepção daquele aspecto: as pessoas que convivem com você e
que cruzam o seu caminho vão sentir o trânsito do mesmo jeito, apesar de a
imensa maioria não ter consciência desse processo, mesmo as que acompanham as
movimentações astrológicas. Porque os trânsitos, especialmente os mais lentos,
revelam uma espécie de mudança na corrente coletiva de pensamentos.
Tomemos como exemplo, os trânsitos de Urano em Peixes e mais
atualmente, de Netuno pelo signo de Peixes. Mas vamos tomar o cuidado de pensar os signos aqui não como “o signo de alguém”, mas sim como uma unidade de referência coletiva simbólica, que serve e influencia a todos os seres humanos simultaneamente. Esses trânsitos marcam épocas em
que uma forma “pisciana” de ser e pensar está em voga, é como se as coisas
representadas por aquele signo estivessem regendo o momento, como se estivessem
na moda, como se aquelas coisas representassem a normalidade e marcassem toda
uma época, tanto em seu aspecto mais positivo quanto no aspecto mais negativo. Mas
não é somente isso, porque a “energia pisciana” é o elemento mais óbvio e
visível no processo, mas existe o que está implícito em função dessa
força,  como na lei de ação e reação da
física, em que uma força em determinada direção gera outra de igual intensidade
que se opõe a ela. O fato de haver essa ênfase em Peixes, implica em uma ênfase
que se opõe a energia simbolizada pelo signo de Virgem, e que entra em choque
direto com as energias simbolizadas pelos signos de Gêmeos e Sagitário.
Então Peixes não implica somente numa manifestação coletiva
de elementos piscianos, mas também uma oposição direta a tudo aquilo que é
simbolizado pelo signo de Virgem, como numa crítica (crítica da crítica neste
caso) ou reavaliação daqueles temas.  E
assim as manifestações puristas, pudicas, seletivas e perfeccionistas deste
signo destoam gravemente em situações coletivas, como coisas deslocadas,
anormais, fora de contexto.  Não se trata
de uma lei, mas a ousadia de se ostentar comportamentos tipicamente virginianos
em uma época como essa pode ser socialmente punida com muita intensidade,
especialmente se a pessoa não tiver uma compreensão do que está acontecendo,
podendo inclusive ser surpreendida, agindo como sempre agiu e sendo levada a um
rude despertar: os tempos são outros. E isso fica mais claro na medida em que
percebemos o quanto a nossa sociedade está permissiva, como se a permissividade
e a vivência sem limites do prazer, agora, fossem a lei. E é claro que existem
aqueles que vão se unir firmemente em resistência, e vão querer exercer seu
direito de ser meticulosos ou de defender seus pudores e suas vergonhas.
Em relação aos signos que tem uma quadratura natural com
Peixes, Gêmeos e Sagitário, ocorre coisa parecida, mas existe uma relação de
resistência e irritação mútua entre signos que estão em quadratura, diferente
da oposição, já que no fundo eles não são totalmente diferentes. Por exemplo, o
elemento em comum entre esses  3 signos
(Peixes, Gêmeos e Sagitário) é a dualidade, e neste ponto eles entram em
acordo. Mas em outros aspectos existe o conflito, conflito que se diferencia em
cada caso.
A relação de Sagitário com peixes é marcada por muitas
semelhanças, já que ambos são regidos por Júpiter. Só que existe uma relação de
opressão da parte de Sagitário sobre Peixes. Então na eventualidade de uma
época como esta, marcada pela emergência das energias piscianas, sagitário
aparece simbolizando forças opressivas. Apesar de ambos os signos estarem
relacionados com a “religião”, Sagitário rege aspectos muito mais doutrinários
e reguladores das religiões, a fé incendiadora e o fanatismo, que mais do que
em qualquer momento, numa época pisciana, soam como coisas brutais.  O signo de Peixes rege aspectos mais etéreos
nas religiões, ligados a espiritualidade e a busca por conforto, por
redenção.  E como Peixes é um signo
extremamente permissivo, uma época pisciana suscita a reação Sagitariana,
através de posturas fanáticas, que cobram a observação da moral e da ética e
que ameaçam com a “ira divina”. Ao longo do processo, isso termina por
‘vilanizar’ sagitário durante aquele momento, porque todos, durante a passagem     
O contrário ocorre na relação entre Gêmeos e Peixes. Neste
caso a energia simbolizada por Gêmeos é que é oprimida.  É que apesar da duplicidade que os torna
similares, ambos os signos regem dimensões muito diferentes. Gêmeos rege o
universo intelectual, enquanto que Peixes rege um universo mais emocional e
imaginativo. Em Peixes imperam crenças, impera a imaginação e as ilusões,
enquanto Gêmeos tende a ir naturalmente por um caminho empírico e extremamente
racional. A confusão, as ilusões e as esperanças piscianas tornam ainda mais
indeciso o geminiano , que sem dados concretos fica sem saber pra qual direção
seguir. Numa época pisciana, o geminiano tende a reagir com muita incerteza e
indecisão, é um dos momentos que elevam essa sua fraqueza ao máximo.    
Então peixes não é simplesmente uma época de permissividade,
sonhos e ilusões, quando consideramos todas as implicações consequentes de um
planeta passar por este signo vemos que ele vai muito além disso. No caso,
vimos que Peixes implica ainda numa espécie de crítica à crítica e ao
perfeccionismo virginiano, ao sentimento de opressão causado pelo fanatismo
sagitariano, e a confusão e a indecisão causada sobre o universo geminiano. E
nem consideramos os efeitos de peixes sobre os demais signos.  
Além disso, cada planeta ao passar por determinado signo vai
expressar sua própria natureza através das características daquele signo. E a
expressão de cada planeta é muito particular! Mas é possível resumir a
expressão de cada planeta através dos trânsitos, resumidamente, da seguinte
forma:
Júpiter: É a expressão do otimismo e da vontade de crescer e
expandir. É o planeta que nos incute o desejo de ir além do cotidiano, e o
desejo de  alargar nossas fronteiras e gozar
o máximo possível da vida. Normalmente não traz novidades, mas renova as
energias e da um novo ânimo ao que já estava estabelecido.   
Saturno: É o grande regulador da coletividade, planeta que
está intimamente ligado aos ciclos de 
desenvolvimento natural do ser humano. É uma força de reestruturação,
simboliza a vontade de superar limites e a necessidade de se cumprir metas e de
dar um sentido e uma forma para a vida. Ele também trás medos, limitações e
punições, mas recompensa com a oportunidade de realização e de se deixar uma
marca permanente no mundo.   
Urano: É a energia renovadora do céu, que atua promovendo
uma verdadeira reorientação nos assuntos representados pelo signo por onde ele
está passando. As coisas nunca mais serão como foram um dia após uma passagem
de Urano. É ele que impulsiona inovações , sacudindo de forma abrupta e
inesperada o que se tinha como certo a respeito do signo por onde ele passa.
Netuno: É  o grande
solvente social, levando a mudanças sutis no que se refere aos impulsos
coletivos. Está muito ligado a arte, a mídia e normalmente influencia nos mais
diversos conceitos de moda e de tendências comportamentais de época. Sua presença
em um signo atua promovendo o caos e a dissolução para que uma nova forma de
organização se estabeleça mais clara e atualizada.  
Plutão: É o grande transformador social, responsável por
mudanças estruturais profundas e irreversíveis. Mas, diferente de Urano, as
mudanças plutonianas não são inesperadas. São consequência natural do
envelhecimento: É como se as coisas estivessem ultrapassadas , e como um anjo
da morte, Plutão atua ceifando e eliminando o antigo para que algo
absolutamente novo (re)nasça em seu lugar. 
Já escrevi aqui no blog sobre trânsitos, releia: