A constelação do Cão maior

A constelação do Cão Maior se localiza no hemisfério sul do céu e apresenta a estrela mais brilhante, sem contar o sol, que é visível a partir da terra a olho nu. Trata-se de Sirius, uma estrela binária, 40 vezes maior que o nosso sol e a cerca de 9 anos luz de distância. Sirius é tão brilhante que chega a ser comparável com o brilho de Júpiter ou mesmo Vênus, os planetas visíveis com maior brilho vistos aqui da terra.

A presença de Sirius atraiu os olhares para esta direção do céu desde o alvorecer das civilizações. Os egípcios adotaram a aparição oriental de Sirius como referência para o seu primeiro calendário, e esta constelação representava uma de suas maiores divindades, Isis. A aparição oriental de Sirius marcava o ano novo Egípcio. Esta sempre foi uma estrela muito importante para a astrologia.

Cão Maior também pode ser chamada de Canis Major, e é uma constelação de porte médio, visível facilmente em todo o Brasil durante quase o ano todo. Ela é uma das constelações a figurar na bandeira do Brasil, com 5 estrelas, representando os estados do Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins.

Mitologia associada a constelação de Cão Maior

No Egito antigo , a estrela Sírius era considerada a manifestação da deusa Isis no céu. Nessa forma, ela era conhecida como Isis-sopdet. A constelação de Isis-sopdet incluía as estrelas da constelação de cão maior e boa parte da constelação do Navio Argos. É um dos asterismos mais antigos, e mais duradouros na cultura egípcia, sendo substituído somente na época da ocupação grega e romana pela versão da constelação em forma de cão.

Cão Maior era especificamente a cabeça da deusa Isis, com as estrelas no Navio representando seu corpo. Sirius era como a alma ou espírito da deusa, era uma estrela adorada pelos egípcios, vista como um presságio das cheias do Nilo. Na época do império antigo, a aparição oriental de Sirius acontecia no final da primavera (hoje acontece no meio do verão) e era essa a época associada com as enchentes do Nilo, que fertilizariam o solo novamente para a próxima colheita.

Isis foi uma deusa muito adorada no Egito durante toda a sua história. Seu culto perdurou até o século 5 depois de cristo durante o domínio Bizantino e a imposição do Cristianismo Ortodoxo. Acredita-se que teve grande influência sobre o posterior culto a virgem Maria no cristianismo ortodoxo, onde Maria ascende a uma condição de sacralidade semelhante a do próprio Jesus Cristo.

Ela sempre foi encarada como uma divindade da fertilidade, da maternidade e do Casamento. A lenda mais importante de toda a mitologia egípcia se refere a jornada de Isis para encontrar as partes do corpo de seu marido, Ossiris, e assim restaura-lo. Ela tinha portanto uma importância muito grande também em assuntos relacionados não só à vida, mas também a morte. Sob influência grega e romana, na época de Cleopatra e além, ela assumiu aspectos de Hera, Afrodite, Atena e outras deusas, e seu culto assumiu importância ainda maior para o Egito.

O culto a uma grande divindade feminina, poderosa e independente, estava na base cultural do Egito desde a antiguidade, e isso mudou somente com o advento do Islamismo.

Na Mesopotâmia, a constelação do Cão maior era vista como uma flecha , e a constelação do Navio era vista como um arco. A flecha era apontada na direção de Orion. Os gregos porém, viam ali um dos cães de caça de Ártemis ou do próprio Orion, constelação próxima, e essa é a representação que perdura até hoje.

Os índios Tupinambás chamavam Sirius de “souanran” , que significa “semelhante a um vaga-lume”, em função do seu brilho. A aparição oriental dela era aqui também presságio de chuvas se aproximando, mas ocorria ainda em meio a estação mais seca, no inverno.

Anatomia da Constelação de Cão Maior

Cão Maior é uma constelação relativamente pequena, de 380 graus quadrados, mas que apresenta um asterismo razoavelmente claro e estrelas muito brilhantes, incluindo a mais brilhante do céu noturno, Sirius. Está próxima do Unicórnio, de Órion, da Lebre, da Pomba e da constelação do Navio. Ascende acompanhando a constelação de Gêmeos, que fica mais ao norte.

É visível em todo o Brasil, em especial nos meses de verão, quando logo após o por do sol ela ja fica bem visível no céu noturno. Ela é totalmente invisível em latitudes superiores a 60° norte, e circumpolar (visível o ano inteiro, nunca se pondo) em latitudes abaixo de 40° sul (exemplo: centro e sul da Argentina e Chile e na Nova Zelândia).

Mirzam beta (β)07°28′ de Câncer
Furud zeta (ζ)07°40′ de Câncer
Sirius alpha (α)14°22′ de Câncer
Muliphein gamma (γ)19°53′ de Câncer
Adara epsilon (ε)21°01′ de Câncer
Wezen delta (δ)23°41′ de Câncer
Aludra eta (η)29°49′ de Câncer

Mirzam, beta (β) Canis Majoris, é uma estrela localizada na pata dianteira esquerda do cão maior. O nome vem do árabe al Murzin, e significa “o anunciante”. Está relacionado ao fato de ela ascender primeiro e assim “anunciar” a ascensão de Sirius, a grande rainha da constelação. Simboliza o Amapá na bandeira do Brasil.

Furud, zeta (ζ) Canis Majoris, é uma estrela localizada na pata traseira esquerda do cão maior. O nome é uma corruptela do árabe al kurud, e significa “os macacos”. É uma referência ao conjunto de estrelas menos brilhantes que se localiza ao redor desta.

Sirius, alpha (α) Canis Majoris, é uma estrela localizada na boca do cão maior. Se magnitude for importante, então esta deveria ser considerada a estrela mais importante e influente porque é a mais brilhante do céu noturno. E assim ela foi considerada ao menos no Egito, mas foi menos celebrada a partir da Grécia Antiga. Isso talvez tenha ocorrido em função da localização dela, mais ao hemisfério sul.

O nome Sirius é de origem Grega, tendo aparecido pela primeira vez em Hesíodo. Deriva do termo seirios, que significa brilhante ou flamejante, em referência ao seu brilho. Para os egípcios , essa estrela marcava o disco solar localizado acima da cabeça de Isis, as vezes representado com o desenho de uma estrela também. Pode estar ligada a palavra egípcia para Osiris, “Hesiris”, apesar de personificar Isis. Transformou-se em nome próprio em árabe, “al sira” , de onde pode se originar a versão em português “Alzira”. Simboliza o Mato Grosso na bandeira do Brasil.

Muliphein, gamma (γ) Canis Majoris, é uma estrela localizada no pescoço do cão maior. O nome é uma derivação do termo árabe que indica juizes ou jurados em concursos, aquele que julga. Talvez em alusão aos latidos acusadores dos cães. Simboliza o estado de Rondônia na bandeira do Brasil.

Adara, epsilon (ε) Canis Majoris, é uma estrela localizada na perna direita do cão maior. O nome significa “donzelas”, em reforço a natureza venusiana da constelação. É outra estrela bem brilhante da constelação. Representa o estado Brasileiro de Tocantins.

Wezen, delta (δ) Canis Majoris, é uma estrela localizada na barriga do cão maior. O nome deriva do árabe, al wazn, e significa “o peso”. Simboliza o estado brasileiro do Roraima na bandeira do Brasil.

Aludra, eta (η) Canis Majoris, é uma estrela localizada no rabo do cão maior. O nome vem do árabe, e é uma corruptela de mesma origem que Adara.

Significado Astrológico da Constelação de Cão Maior

Astrologicamente, essa constelação como um todo tem a natureza de Vênus. Isso reforça ainda mais a ligação ancestral dela com a divindade feminina egípcia Isis, e com o fato de o símbolo de Isis, o “ankh” se assemelhar ao glifo de Vênus. A única exceção é Sirius.

Ela tende a produzir comportamentos positivos associados a vênus: empatia, delicadeza, afetuosidade, torna o comportamento da pessoa amável e indica algum nível de carisma, mas não necessariamente popularidade. Está mais associada ao aspecto afetuoso de Vênus e menos ao aspecto estético. Num sentido mais negativo pode indicar uma natureza emocional profunda, dada a reações intensas e dificuldade de perdoar quem lhe magoa. Pode ainda produzir medos irracionais como medo de escuro, de altura ou da água, ainda que a pessoa seja corajosa ao encarar perigos reais. Também é associada a mordidas de cães (Sirius em especial).

Outra conexão dessa constelação é com o calor, mas isso numa concepção mais grega e medieval, pouco ligada a astrologia. Na época dos egípcios antigos (3000 a 1500 ac), essa estrela ficava em touro, marcando o coração da primavera. Mas na época da civilização grega e até a alta idade média, ela esteve em gêmeos, tendo migrado para o signo de Câncer a partir do renascimento. Gêmeos marca a aproximação do solstício de verão, então quando sirius desaparecia com a passagem do sol por ali , ele juntava seu calor ao brilho intenso de Sírius e produzia as ondas de calor de verão, conhecidas como dias de cão, nos meses de junho, julho e agosto. Ou assim se acreditava e se explicava o fenômeno das ondas insuportáveis do auge do verão.

Adara é uma estrela importante que significa características muito venusianas. Indica alguém bem-quisto, atraente, bem relacionado com as pessoas, feliz nos assuntos familiares, casamento e amizades. O nome é semelhante ao termo hebraico para adornado, enfeitado, embelezado, adulado (Adar).

Mirzan, Wesen, e Aludra todas tem os mesmos significados de Adara, mas se manifestam de maneira menos intensa, pois tem menos brilho.

Sirius

Sirius tem a natureza divergente das outras estrelas desta constelação. Ela acaba sendo relacionada a Marte e Júpiter, em função de seu brilho intenso, sua associação com fogo e calor e sua localização na boca do cão. Ao invés da representação “delicada e medrosa” das demais estrelas, ela indica poder, riqueza, fama e uma personalidade marcante. Costuma prenunciar sucesso e reconhecimento no trabalho e nos negócios quando ligada ao sol, ao meio do céu ou ascendente. Se estiver ligada a lua ou o ascendente, indica pessoas muito influentes e conhecidas.

Ela indica uma personalidade ardorosa , apaixonada, intensa e veemente, mas ao mesmo tempo fácil de se ofender, ressentida e vingativa. Como um cão, sua resposta automática tanto a um ataque, quanto a um movimento que não consegue compreender ou tolerar é “morder”. Marte em Câncer se beneficia bastante de estar próximo dessa estrela, fazendo a pessoa mais ativa e corajosa. Ela atualmente fica ao redor de 14° de Câncer, mas a maioria das pessoas nascidas no século XX tem ela em 13° de Câncer.

A associação com mordidas de cão não deve ser assumida em seu sentido literal. A boca do cão ladra e morde quando irritada, mas também lambe quando quer demonstrar carinho. É uma estrela que indica uma natureza passional, menos ligada ao que se entende como passionalidade no elemento água, e mais ligada ao fogo: Respostas impulsivas, sinceras e intensas. Atualmente marca um ponto em verdadeira ebulição dentro do signo de Câncer, quase no centro do signo.