Sagitário

O Sagitário surge como uma reação ao escorpião, exigindo de volta sua independência. Nesse estágio a importância da continuidade do seu próprio desenvolvimento é maior do que a manutenção do pacto realizado em escorpião. Se este pacto transforma-se em algo nocivo, se tolhe a liberdade e impede a expressão livre da vontade, ele precisa ser quebrado. Deixamos de ver o outro como ameaça porque passamos a confiar nele, automaticamente passamos a confiar em todos e nos tornamos despidos de todas as muralhas que impediam os outros de nos conhecer da maneira como somos, e descobrimos que exibindo a verdade daquilo que somos não corremos mais riscos.

Em sagitário nós nos autorizamos a seguir nosso próprio caminho e perdemos o medo do que o outro poderia fazer com o que ele sabe a respeito da nossa intimidade: Em sagitário já não existem mais segredos, nesse estágio somos livros abertos, despidos de armaduras , generosos e dispostos a oferecer tudo o que temos, sabemos e adquirimos em troca de tudo o que o mundo tem a oferecer. Aqui se busca o máximo desenvolvimento, é o estágio da superabundância, da fé e do otimismo. A expansão ocorre de modo desenfreado, rumo ao infinito, vamos em todas as direções explorando tudo e todos, mas ao mesmo tempo ensinando tudo o que sabemos e oferecendo um pouco de tudo o que temos.

Gêmeos perde o sentido de existir aqui nesse estágio, porque aquilo que “eu sei” agora transforma-se “naquilo que todos nós sabemos”. O conceito de cultura é geminiano, mas a coletividade das culturas é sagitário, é também a internacionalidade e a troca de experiências. Diferente de gêmeos, ele não vai se limitar ao conhecimento que ele coleta pelos locais onde passa, irá construir coisas em cima disso, buscar respostas para suas angústias pessoais até o ponto onde desenvolverá uma espécie de filosofia ou dogma pessoal, tornando-se intransigente a partir deste momento por crer que encontrou “a verdade”. Ele encontrou a verdade dele, mas isso não significa que essa seja a absoluta verdade. Sagitário vai além do vulgar conformismo de se saber quem se é, ele quer saber por que ele é, e até onde ele pode ir e vai partir em direção a este “topo”, com fé e otimismo, rumo a algo que ele desconhece, mas julga ser o seu ápice, julga ser melhor do que o que ele já é.

No estágio sagitariano, leão se realiza novamente, pois sagitário é como uma versão refinada do estágio leonino. Leão é o estágio onde o homem se descobre como tal e passa a exercer seus poderes de maneira plena. Em sagitário o homem já tem consciência de si, mas neste estágio ele está buscando algo a mais, está buscando seu máximo, está buscando o infinito, o impossível. Sagitário é a expressão da vontade de se tornar mais do que aquilo que se é, é a fé de que se pode mais do que o que se considera possível. E é interessante que é justamente essa ânsia sagitariana pelo infinito, pelo máximo, que dará origem a Áries, mais a frente. Áries que será um novo início, e que futuramente dará origem a um novo estágio leonino, que conseqüentemente levará a um novo estágio sagitariano de busca pelo infinito.

Libra também se expressa de maneira plena em sagitário, uma vez que continuamos num estágio de coletividade. Libra é a conscientização dessa coletividade, mas ainda não sabemos com o que estamos lidando, ainda não podemos nos relacionar de maneira plena. Escorpião é o signo que rompe as barreiras, que mergulha dentro dessa coletividade, mas escorpião é um estágio onde nos sentimos presos e sufocados nesta coletividade, sagitário é o estágio de libertação e também o estágio de se assumir quem se é diante dos demais, sem medo do que os outros farão com o que eles descobrirem a respeito de nós. Neste estágio, portanto não temos mais o que esconder, estamos livres para conhecer a todos porque agora todos podem nos conhecer.

E assim vai seguindo o sagitário, rumo ao infinito, ao desconhecido, a um lugar que ele não tem a mínima idéia de como é, mas ele tem uma certeza: certamente “lá” é melhor do que aqui. Alimentando essa esperança o sagitário segue, sempre inflando, sempre se expandindo, absorvendo e emitindo sem controle e sem censura. Sagitário é também o estágio do excessivo, do exagero, do quantitativo em detrimento do qualitativo. As expectativas de sagitário são irreais, mas ele não se importa. Neste estágio, a única preocupação é o seguir em frente, rumo ao topo que se aproxima. Este é estágio do “estamos quase chegando”, é o frio na barriga da proximidade do desfecho. Mal sabe o sagitário o que lhe aguarda após o topo. Ele ainda não consegue ver, mas todo topo é uma ilusão, o ápice é infinitamente transitório: após o auge, a única coisa que resta é a queda. Quando sagitário chega no topo e toma ciência da realidade, quando se da conta da existência de limites, definitivamente ele já não é mais sagitário, tornou-se Capricórnio.