Em primeiro lugar é interessante que saibamos que o movimento REAL dos planetas é heliocêntrico, ou seja, todos os planetas, incluindo aí a terra, giram ao redor do sol, algo que todos temos como óbvio hoje em dia. Mas é interessante lembrar também que a Astrologia lida com uma perspectiva GEOCÊNTRICA, ou seja, olhamos o céu de uma perspectiva terrestre. Nós somos o ponto de referência, então é como se “o mundo girasse em torno da terra”. Mas calma, os astrólogos não afirmam que o sol gira em torno terra, aliás, alguns cientistas desonestos gostam de usar este argumento contra a astrologia como se houvesse esta afirmação por parte dos astrólogos. O que acontece, de fato, é que a nossa perspectiva visual é geocêntrica, aquela que temos quando vamos à rua e olhamos pra cima: graças ao movimento de rotação terrestre, temos a impressão de que a o mundo gira ao nosso redor. Antigamente isso era fato concreto, mas hoje sabemos que isso não é verdade, o que ainda assim não nos impede de ainda termos uma perspectiva geocêntrica quando observamos o céu – e é impossível que tenhamos outra perspectiva, a não ser que viajemos para o sol, para que possamos olhar o céu de uma perspectiva efetivamente Heliocêntrica, quer dizer, uma heliocentricidade prática e visual e não apenas teórica.
Olhando para o céu às vezes vemos que os planetas parecem andar para trás. Isso é a retrogradação. No caso de marte por exemplo, ou Júpiter, percebemos que as vezes esses planetas param e voltam alguns graus atrás, depois parando novamente e seguindo seu rumo. Abaixo você pode ver uma ilustração que representa este fenômeno e que retrata a retrogradação de marte ocorrida no signo de sagitário no ano de 2001:
Na figura, a bolinha amarela representa o sol. O ponto azul girando em torno da bolinha amarela é a terra, e a bolinha vermelha mais exterior, girando em torno da amarela é marte. Como a astrologia adota uma perspectiva geocêntrica, do ponto de vista da bolinha azul, o que se vê é o que é mostrado através do movimento do glifo marciano localizado mais próximo aos signos. Note que heliocentricamente (ou seja, do ponto de vista do sol em relação a bolinha vermelha), enquanto marte ainda estava em escorpião, da perspectiva terrestre ele já era visto em sagitário. E note que quando marte estava heliocentricamente em capricórnio, ele ainda estava em sagitário da perspectiva geocêntrica.
Na figura abaixo podemos ver o que ocorre na retrogradação de mercúrio (e vênus também):
Neste caso, a bolinha central vermelha é a terra “parada”, já que estamos observando o fenômeno sob uma perspectiva terrestre. O ponto cinza que gira em torno da bolinha vermelha é o sol, que na nossa perspectiva está girando em torno da terra. A bolinha vermelhinha é mercúrio (ou vênus) girando em torno do sol. A linha vermelha que se desenha representa a trajetória aparente de mercúrio observada por nós. Uma volta completa de mercúrio em torno do sol dura 88 dias apenas, mas uma volta de mercúrio ao redor do zodíaco, da perspectiva terrestre dura aproximadamente o tempo que o sol leva para fazer este percurso.
Planetas que retrogradam
Todos os planetas ficam retrógrados com exceção dos luminares, sol e lua.
Mercúrio entra em retrogradação 3 vezes por ano. Escrevi bastante sobre o ciclo de retrogradação mercuriana aqui. Mercúrio tende a retrogredir num mesmo ano sempre em signos dos mesmos elementos
Vênus entra em retrogradação uma vez a cada 1 ano e meio aproximadamente. O ciclo das retrogradações venusianas foi discutido aqui. Ela tende a retrogredir nos mesmos signos ao longo de alguns anos, mudando de forma lenta os pontos onde retrogredirá.
Marte retrogride uma vez a cada 2 anos aproximadamente. Já os planetas Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão o fazem uma vez por ano. A retrogradação desses planetas ocorre sempre quando a oposição está se aproximando e a duração da retrogradação vai depender da velocidade do planeta. Em artigos posteriores veremos de forma mais detalhada como se dão as retrogradações em todos os planetas.
Retrógrados e astrologia natal
Na astrologia natal a retrogradação representa uma debilidade na visão tradicional. Na perspectiva moderna ela representa simplesmente que a energia simbolizada pelo planeta está reprimida, tem dificuldade para se manifestar ou é inconsciente de alguma forma. Quem pratica a astrologia cármica concede aos planetas retrógrados uma importância fundamental, porque eles seriam significadores diretos do carma atual e estariam ligados a funções mal trabalhadas em outras vidas.
Retrogradação nos trânsitos
Nos trânsitos as retrogradações têm um significado mais relacionado ao que poderíamos chamar de uma “pane” das funções daquele planeta que exige uma revisão e uma reformulação na ação, agindo sobre os planetas natais com os quais forma aspectos.
No caso dos trânsitos dos planetas que vão entre Júpiter e plutão, alguns autores dividem os trânsitos em 3 fases onde a primeira fase corresponderia a passagem direta do planeta como se fosse uma espécie de “volta de apresentação”, onde o tema daquele trânsito específico se apresenta para o nativo. A segunda fase corresponderia ao movimento retrógrado, e representa atrasos e problemas referentes a temática do trânsito: A pessoa pensava ter resolvido o assunto, mas na retrogradação ela percebe novas camadas dentro daquela situação que precisam ser trabalhadas. A terceira e última fase ocorre quando o planeta fica direto e realiza o contato novamente, desta vez de forma mais intensa e definitiva.
Retrogradações nas Progressões
Nas progressões secundárias pode ocorrer a seguinte situação: A pessoa nasce com algum planeta retrógrado, mas ao longo dos anos o planeta estaciona e fica direto. Ou então ocorre o contrário: A pessoa tem um planeta em movimento direto, mas ele fica retrógrado ao longo dos anos via progressões secundárias. Este movimento representa uma mudança muito importante de direção na vida da pessoa nos assuntos relacionados às casas regidas pelo planeta que muda de direção e na simbologia geral daquele planeta. Esse redirecionamento se dá como uma mudança de paradigmas.
Por exemplo, a pessoa que tinha vênus retrograda ao nascer e que ao longo da vida vê a vênus progredida estacionando e ficando direta. Ocorre na vida da pessoa uma mudança crucial em termos da forma com que ela se relacionará com o mundo e incorporará os assuntos venusianos em sua vida. Sua vida afetiva terá mudanças radicais, sua forma de lidar com a beleza e com o prazer de forma geral se transformará, tudo de acordo com o esquema geral do mapa, pra se saber exatamente que áreas da vida serão afetadas por esta mudança.
Nas progressões terciárias as retrogradações são também muito importantes e nesta técnica elas ocorrem com bastante freqüência. Uma pessoa que viva pelo menos 60 anos viverá via progressões terciárias 6 retrogradações de mercúrio, pelo menos 1 retrogradação de vênus e 1 retrogradação de marte e 2 retrogradações de Júpiter e Saturno. Os significados dessas retrogradações são parecidos com os significados das retrogradações via progressões secundárias, mas terão um efeito menos “absoluto”, ou seja, não se tratam de mudanças grandiosas.