Astrologia e Tarot: Capricórnio e o Diabo

A carta do Diabo no Tarot é sem dúvida uma das menos compreendidas pela maioria das pessoas, até mesmo por alguns tarólogos que insistem em atribuir a ela um significado quase sempre negativo. Mas essa é uma das cartas que guarda em si a melhor definição de “poder”, mas em muitos casos, ela trata do poder que a maioria das pessoas teme exercer: O magnetismo Pessoal. Esse é o poder de influenciar, usar, utilizar, seduzir, manipular o outro em nome dos próprios objetivos. Pode não ser bonito, pode estar distante do conceito de moral e correção da maioria, pode ser “baixo”, mas é importante, e sem exercer esse tipo de poder as pessoas permanecem eternamente no rasante da normalidade, sem jamais atingir seus objetivos.  Mas essa carta  é também um poder “positivo”,  o poder de atrair recursos, pessoas e situações positivas que auxiliam a pessoa como num passe de mágica. Acima de tudo, essa carta retrata o uso consciente da VONTADE , do desejo, ela representa a ambição, e é a que melhor representa a magia. Na verdade a magia nada mais é do que o exercício da própria vontade.  
A representação desta carta em geral retrata o demônio em sua acepção mais popular, com chifres, patas de bode e asas de morcego, olhar malicioso e órgãos sexuais expostos. Ela ocupa a posição central, geralmente em cima de algum tipo de pedestal. Abaixo dele encontram-se duas figuras, uma feminina e uma masculina, “presas” ou atadas a ele mas por livre e espontânea vontade: Na verdade o demônio não tem essas figuras como reféns, elas podem deixá-lo  a qualquer momento mas mesmo assim permanecem presas e imóveis, como se estivessem subjugadas.  A imagem que abre este post é a carta do Diabo como retratada por Ellygator, e a figura que representa o demônio não é exatamente a mais típica, apesar de a imagem representar uma pessoa com o estereótipo típico do signo de capricórnio. A segunda imagem é a carta do diabo retratada por Aleister Crowley, cuja imagem representa o símbolo-mor tanto do Diabo como do signo de capricórnio: Uma cabra. Logo abaixo deste parágrafo você vê a representação do Diabo pelo tarô de Marselha, com a figura clássica do humanóide com chifres, patas de bode e asas de morcego. Neste caso é interessante notar que a figura do Diabo é também a representação de uma das figuras mais satanizadas no cristianismo: A figura do travesti. Repare que ele tem pênis e ao mesmo tempo seios. 

Mais abaixo você vê a representação do tarô mitológico de Liz Greene para a carta do Diabo. Ela retrata esta carta com a figura do deus Pã. Na mitologia Grega, Pã está associado aos dois mitos distintos que explicam a origem da constelação de capricórnio. Num dos mitos, capricórnio na verdade seria a cabra Almateia, que foi uma das inúmeras amantes de Zeus. Do amor entre os dois nasceu Pã, e Almatéia que também foi ama-de-leite de Zeus e lhe abrigou até a idade adulta para que ele se escondesse de Cronos (Saturno) seu pai que queria devorá-lo foi transformada numa constelação (Capricórnio) como uma homenagem. Um outro mito fala sobre um dia em que todos os deuses estavam nas margens do Rio Nilo quando subitamente surge Tífon inimigo de todos os deuses que diante de sua presença se assustaram e assumiram a forma de um animal para assim escapar. Pã assumiu a forma de uma cabra, mas cuja metade inferior teria assumido a forma de um peixe, e a constelação de capricórnio na verdade retrataria pã nesta forma. Pã governa os pastores, os gurdadores de rebanhos, os bosques e campos. Sua principal característica era a feiúra, eram poucos os deuses que toleravam sua presença, e ao mesmo tempo o amor pela música e pela dança. Ao mesmo tempo em que era horrendo em sua aparência, rejeitado e digno de vergonha, Pã era considerado pelos Romanos como um deus essencial devido a sua associação com a natureza (da qual o homem sempre dependeu) e com o mundo. 

“Na mitologia, o bode está associado à libertinagem, sendo considerado um animal lascivo e indecente. Mas, ele também é o bode expiatório, sobre o qual as outras pessoas projetam o próprio interior — muitas vezes imoral e indecente — para poderem se sentir limpas e decentes. Assim, Pã, o Diabo, é o bode expiatório, que leva a culpa por todas os problemas de nossa vida. ” (Do livro o Tarot mitológico de Liz greene, 1988)
O principal elo entre a carta do Diabo e o signo de Capricórnio se encontra no simbolismo da Ambição e no conceito cristão da ambição. O cristianismo prega a humildade, tornando a ambição uma característica vil, abjeta, indigna daqueles que um dia serão conduzidos para o reino dos céus. A ambição é atribuída aos adoradores de satanás, aqueles que querem poder a todo custo e são capazes inclusive de “vender suas almas”. O sexo, a luxúria, o desejo são todos aspectos também associados a carta do Diabo, também satanizados pelo cristianismo e também associados (tradicionalmente) ao signo de capricórnio, que tinha a reputação da perversidão, da luxúria e da concupiscência na astrologia tradicional. 
        

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