A oposição entre Saturno e Urano

Desde Setembro de 2007, quando o planeta Saturno ingressou no signo de Virgem temos este importante aspecto, importante sobretudo no que diz respeito a astrologia mundial, mas com efeitos também em nível pessoal para as pessoas que são aspectadas de forma mais exata, leia-se, especialmente quem tem planetas em signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes).

Saturno é o planeta tradicionalmente conhecido como o “grande maléfico”, uma vez que os predicados e adjetivos associados a ele estão longe de ser encarados pelo homem como coisas “fáceis”, mas ele pode ser encarado também como uma espécie de “professor” na medida em que nos ensina, através da imposição de limites, restrições e frustrações, a ter paciência, e nos obriga a um amadurecimento a partir da dor, das ausências e do impedimento. Tudo o que é antigo, tradicional, certo, seguro, condicionado, costumeiro é da alçada de Saturno. Na astrologia mundial, nenhum planeta tem maior importância.

Já Urano está associado a mudanças sociais, inovações, às novidades de modo geral, a tecnologia de ponta. As rebeliões são representadas por Urano, o voltar-se contra uma autoridade estabelecida. Qualquer mudança feita de forma repentina, na verdade qualquer imprevisto, qualquer acontecimento súbito esta relacionado a Urano. Pra entender como funciona um trânsito de Urano, basta pensar no seguinte: Quando este planeta ingressa em um novo signo, o modo de agir representado pelo signo sofre uma quebra, uma crise, uma ruptura. Por exemplo, há muitas décadas a forma “pisciana” de ser e existir ficou inalterada, e com a entrada de urano em Peixes no ano de 2003, tudo o que é relacionado com o signo de Peixes subitamente muda, renova-se, sem deixar de ser essencialmente o que era, mas sendo ainda a mesma coisa, só que de uma forma totalmente nova, cheia de frescor e liberdade. Para as pessoas que de alguma forma são aspectadas por Urano em Peixes, nada nelas muda essencialmente, quem muda é o mundo lá fora, nós somos apenas forçados a nos adaptar ao novo modo, a redefinir nosso ritmo novamente de acordo com a nova informação.

O ciclo de aspectos formado pelos planetas saturno e urano é na verdade um embate entre forças totalmente antagônicas, independente de qual aspecto que esses dois planetas façam. Saturno representa um impulso conservador de manutenção da ordem, urano é um impulso libertário que contesta as razões e a utilidade de tal ordem. Por sua vez, Saturno questiona os propósitos da mudança em si mesma. Ambos são forças irredutíveis que atuam constantemente no mundo, mas que em determinados momentos, como agora, nesta oposição, se encontram e esse encontro é sentido por toda a coletividade como uma influência perturbadora que coloca em cheque a necessidade de manutenção da ordem, ao mesmo tempo em que questiona a efetiva necessidade de mudança e abandono de uma forma de agir que foi útil durante tanto tempo. Deste eterno embate, que não tem a menor chance de ser solucionado por não se tratar de um embate real, mas de uma simples representação de um conflito puramente simbólico entre antigo e novo, mas enfim, deste conflito é que surgem importantes mudanças sociais e econômicas e na “mentalidade” da sociedade.

Este ciclo dura cerca de 45 anos, e esta fase específica do ciclo (oposição) ocorreu no século passado em duas ocasiões:

Na primeira delas entre 1918 e 1920, com Urano entre os signos de Aquário e Peixes e saturno entre leão e virgem, o cenário mundial era o fim da primeira guerra mundial e a grande pandemia de gripe espanhola.

Na segunda, entre os anos de 1964 e 1966 Com Urano em virgem e Saturno em Peixes, em nível mundial ocorria a Guerra do Vietnã, com os Estados Unidos enviando suas tropas no ano de 1965. No Brasil em 1964 ocorre o golpe de estado que inaugura o regime militar que vigora até meados dos anos 80. Essa oposição entretanto foi mais especial pois teve envolvimento direto do planeta Plutão que estava em conjunção com Urano e oposição a Plutão. As mudanças que ocorriam neste momento eram muito profundas e irreversíveis.

“Podemos dizer que a década de 60, seguramente, não foi uma, foram duas décadas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda, de 1966 a 1968 (porque 1969 já apresenta o estado de espírito que definiria os anos 70), em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. É ilustrativo que os Beatles, banda que existiu durante toda a década de 60, tenha trocado as doces melodias de seus primeiros discos pela excentricidade psicodélica, incluindo orquestras, letras surreais e guitarras distorcidas. “I want to hold your hand” é o espírito da primeira metade dos anos 60. “A day in the life”, o espírito da segunda metade. Nesta época teve início uma grande revolução comportamental como o surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais.”

Fica bem evidente o caráter de ruptura da oposição saturno / urano , bem como as profundas e irreversíveis transformações sociais caracterizadas pela conjunção urano/ Plutão (muito mais importante).

A oposição atual tem um cenário diferente. Ela vai coincidir com o ciclo de oposição de Júpiter e saturno (em 2010-11), fato que não ocorreu nas conjunções anteriores. O que já está bem claro desde 2007 é que esta oposição está ligada diretamente com o cenário de crise econômica mundial instaurada, sobretudo em 2008. Neste momento o que se vivencia é um clima de “ameaças”, não se sabe se a crise vai realmente continuar, e existe um clima de apreensão no ar devido à expectativa de ocorrência de uma pandemia. O fato é que ainda estamos no começo da crise, pelo menos no que tange a crise como encarada apenas num cenário celeste: o céu está em crise, ou simbolizando uma crise, o “clima”, a “vaibe”, o “astral”, etc, está pesado, denso. Até o momento, pra dizer a verdade tudo o que temos é apreensão. Em 2010 é que definitivamente veremos quais mudanças sociais ocorrerão. Veremos em 2010, além de Júpiter que se juntará em conjunção com Urano na oposição com saturno, Plutão nos graus iniciais de Capricórnio que formará quadratura com a oposição. Desde que eu nasci, e isso já faz quase 24 anos, o céu nunca formou uma configuração tão tensa, e momento semelhante a este talvez tenha ocorrido pela ultima vez somente nos anos 60.

O que acontece com as pessoas que tem planetas na parte final dos signos mutáveis e também quem tem planetas no início dos signos cardinais? Nenhuma mágica. Com elas, pessoalmente, não acontece nada, quer dizer, não tem mágica, não tem raios estelares, influencias nefastas, nada disso. O que ocorrem são mudanças irreversíveis no mundo, em áreas (signos) que pra essas pessoas são mais significativos, porque são também estes os símbolos que marcam as estruturas vitais delas. O mundo muda de forma irreversível e quem não consegue acompanhar a mudança fica se sentindo como que empacado ou traído pela vida. Mas é uma questão de seguir o fluxo ou ser arrastado impiedosamente por ele até que se aprenda a caminhar no novo ritmo. Não tem muita escolha, no final das contas.

Perceber que o conflito entre o novo e o antigo que está ocorrendo é insolúvel, e que na verdade a função dele é a de produzir algo que não seja nem novo e nem antigo, mas que seja fundamentalmente útil, sólido e que expresse a sua essência acima de qualquer coisa. Eu acho que esse é o grande desafio, em termos pessoais, pra quem ficar no meio desse cabo de guerra.