Aquário


Aquário reage ao estágio capricorniano negando tudo aquilo que foi erigido ao longo de todo um ciclo. Capricórnio é a representação do máximo a que determinada coisa pode ser desenvolvida, é o auge, o ápice e também um estágio que indica um progressivo processo de senilidade. A idéia surgida em Áries, desenvolvida em leão e expandida em sagitário chega ao estágio capricorniano com o epíteto de ultrapassada. Sem mais o que progredir, uma vez que todas as possibilidades foram gastas em sagitário, só resta à opção de manter a coisa de pé durante o máximo de tempo que for possível. Porém essa manutenção torna-se opressiva, impede a evolução, retarda o progresso. Aquário surge para destruir tudo o que é velho, abrindo caminho para o novo. Aquário é o signo que amplia a liberdade ensaiada em sagitário, mas aquário representaria algo além, representaria uma absoluta independência e uma quebra com qualquer obrigação para o que quer que seja antigo. A palavra de ordem agora é a renovação.

Aquário é um rompante violento e imprevisível, associável a intensidade de um tornado e a instabilidade de um raio. Nesse estágio a ação é completamente fria e moldada em um idealismo perfeccionista, que não concede espaço para o aspecto humano, passível de erros. A ação aquariana é inadiável e surge sem aviso prévio. Algo está excessivamente velho, tornou-se opressivo e hostil para a continuação do desenvolvimento. Esse algo precisa ser removido para que o ciclo tenha sua continuidade. A sabotagem, a sedição e a revolução são manifestações precisas do que vem a ser a ação aquariana. É o desabamento do ciclo sobre si mesmo, é como uma célula caquética que de uma hora pra outra assume funções autofágicas e se autodestrói em nome da continuidade.

A loucura surge em aquário, mas esta “loucura” é absolutamente necessária agora e se configura na mais perfeita lógica. Essa ação aquariana só é considerável louca na medida em que o ciclo esta a se desenvolver. Mas ela se torna necessária toda essa inconseqüência e anseio pela liberdade, o desprendimento com a ordem, o desdém pelo tradicional e o anseio pelo futuro. Tudo o que se planeja e deseja agora é um novo modo de agir, um novo plano de ação que enterre definitivamente tudo o que o outro ciclo representou no passado. É, definitivamente o pontapé inicial para a criação do novo. Mas aquário ainda não é este novo.

Aquário é ainda um estágio coletivo. A ação em nível coletivo é iniciada em Libra, momento em que se toma consciência da existência de todos. Continua em Escorpião, onde os laços ensaiados em Libra se efetivam, mas acaba por surgir uma espécie de prisão nas alianças escorpianas. Em Sagitário as alianças se desfazem e o indivíduo é livre pra explorar a coletividade como um todo. Em Capricórnio já não existe nada a ser explorado, todos os limites já foram escrutinizados e o indivíduo chega a uma espécie de auge de si mesmo, onde tudo o que havia pra ser aprendido e ensinado já o foi feito. O indivíduo é então mestre de si e passa a querer servir como mestre e modelo para os outros, com o objetivo de que todos se tornem mestres e esse epíteto perca sua razão de ser. Apesar de ainda ser coletivo, Capricórnio é o signo que inaugura a zona pessoal do zodíaco (que culmina em Áries), onde o indivíduo é mais importante que o relacionamento em si.

Aquário torna ainda mais intensa essa necessidade do encontro de si mesmo, e apesar de ser o estágio mais complexo no setor coletivo é o que inicia efetivamente a aproximação do indivíduo com a sua própria verdade pessoal. No estágio aquariano o indivíduo se da conta de uma maneira muito lúcida do que vem a ser o movimento coletivo: É o movimento em direção a si mesmo. É interessante o fato de que no estágio oposto, Leão, a consciência era de que, o indivíduo, inserido no estágio individual, se era alguma coisa, o era para os outros. Não é difícil entender o porquê de o sol ter seu detrimento em aquário: O eu, neste estágio, não é mais importante do que o coletivo, é a consciência de que no final, todos são iguais e tem direitos iguais porque são iguais em essência, é o estágio onde não se admitem privilégios e é abolida a figura do mestre.

Libra e Sagitário se rejubilam no estágio aquariano. O ideal aquariano da liberdade e da igualdade fascina Libra, que é a coletividade em essência. As regras aquarianas colocam todos no mesmo patamar em termos de relacionamento, sem hierarquias, sem mestre-servo, vítima-salvador. Aquário é o relacionamento de igual para igual, é a amizade, a união sem compromisso e fraternal. E do ponto de vista sagitariano, aquário é o ideal de liberdade de forma ampliada, onde o sagitário se expressa da maneira mais plena.

O estágio aquariano cria, portanto, em meio à rigidez e austeridade de um império decadente (instaurado em leão e levado ao seu máximo em Capricórnio) a liberdade e a oportunidade de manifestação do novo, sabotando as estruturas do antigo regime e levando-o a ruína. A liberdade é inventada em aquário e a novidade é intensamente almejada aqui, mas esta só chega em Áries. Mas antes da instauração do novo, as conseqüências do que acontece em aquário precisam ser enfrentadas. A quebra das estruturas e o desabamento do ciclo originam o caos, enfim, o estágio pisciano do expurgo e finalização do ciclo.