Estrelas Fixas

Um dos recursos originais da Astrologia é o da utilização direta de constelações e estrelas (tais como elas aparecem nos céus) ao invés dos signos. E imagino que seja claro para a maioria o fato de que signo e constelação serem coisas diferentes, certo?
Ao menos a Astrologia ocidental emergiu na Babilônia por volta de 1000 AC (pode ter sido antes) num formato bem diferente do que conhecemos. Não existiam Casas ou signos, estes eram elementos ainda em formação. E também obviamente não existia o conceito de mapa de nascimento. O Astrológo daquela época lidava com os sinais visíveis no céu, e não exatamente com trigonometria. E ele não estava preocupado com o fato de a “lua em câncer lhe deixar mais sensível” mas com os possíveis presságios sinalizados pela presença de certas estrelas errantes (os planetas) sobre certas estrelas que ocupavam um lugar “fixo” no firmamento, em questões de cunho mais prático e imediato. Esse lugar que as estrelas ocupam no céu é relativamente fixo, uma vez que hoje entendemos que as estrelas tem um movimento também, apesar de este movimento ser bastante lento.
Pra entender bem como funcionava a Astrologia no período babilônico, é interessante levar em consideração um instrumento que eles utilizavam como marcador celeste, uma espécie de astrolábio primitivo. Se chamava Mul-Apin e era composto por 2 tabuletas (veja figura acima). Em uma delas, na superior, estavam as estrelas fixas e algumas constelações (sobretudo as que ficavam próximas do caminho percorrido pela lua no céu, elemento que pode ser considerado como o precursor dos signos, já que essas estrelas eram organizadas em constelações). Não havia, entretanto, referência a signos, e a marcação era feita com ênfase nas estrelas. A outra tabuleta apresentava os planetas, luminares além de outros elementos importantes (como os 4 cantos do céu por exemplo, que corresponderiam aos ângulos que usamos hoje em dia dos eixos do ASC e MC). Mas esse foi o embrião de todo o sistema que se criou depois, especialmente (mas não exclusivamente) sob influência grega, já que a trigonometria foi fator fundamental para uma melhor organização do céu.
O presságio era feito com base exclusiva em tradições, informações transmitidas de forma oral ao longo do tempo, já que os registros naquela época não eram feitos de forma muito prática. Assim fica difícil precisar quando exatamente surgiu essa forma de astrologia, mas ela é seguramente anterior ao ano 1000 antes de cristo. E era baseado em conjugação pura e simples. Se determinado elemento da tabela inferior aparecesse no céu junto a um elemento da tabela superior, estabelecia-se um sinal, um significado, baseado na tradição que envolvia cada planeta e no significado de cada uma das estrelas.
Então o uso das estrelas fixas foi na verdade anterior ao uso do zodíaco em astrologia. E essa é uma tradição que foi absorvida por todas as culturas que se sucederam aos babilônios nesta arte e que levaram adiante aquele sistema. E era mais ou menos dessa forma que a astrologia se desenvolvia, de forma paralela, nas mais diversas culturas, como entre os Chineses por exemplo, que até hoje utilizam um complexo sistema que envolve a utilização de estrelas fixas.
O signo, elemento que apareceu depois, foi uma forma de sistematizar aquelas zonas marcadas por estrelas. Posteriormente, percebeu-se que essas estrelas se moviam de lugar, especialmente  depois que os signos já estavam demarcados e alguns séculos já haviam se passado. A zona carregava em si um determinado significado que permaneceu, ainda que os elementos usados pra se estabelecer o início e o fim desta zona tenham se movido. É por isso que nos dias de hoje existe esta absurda polêmica entre a defasagem entre constelações e signos.
Inicialmente os signos quando estabelecidos não tinham os mesmos significados que tem hoje, já que como eles representavam muito mais as épocas do ano (estações, épocas de seca ou chuvas, etc, tudo isso em uma perspectiva local) seu significado essencial se mantinha, e a questão dos significados foi desenvolvida de forma mais elaborada, especialmente quando a influência grega e egípcia começava a buscar significados mais complexos, que ajudassem a falar mais sobre o homem e não somente sobre o clima ou eventos. Isso tem que ser dito por que nem todas as  pessoas conseguem visualizar a evolução do conhecimento como um processo, mas ele é tão somente isso, um constante evoluir. Tem-se as vezes a sensação de que cada nova idéia surge do nada e tem seu próprio inventor, quando, ao menos em termos de conhecimento, as coisas nunca “surgem”, mas se desenvolvem infinitamente
A maioria das estrelas conserva muito mais o significado que lhe foi atribuído na época dos Gregos, mas isso não significa que seja este o mesmo significado que era atribuído antes. Da mesma forma, outros autores passaram e enxergar certas estrelas de outra forma, baseando-se em diferentes parâmetros, o que foi causando ao longo do tempo o surgimento de novos significados para uma mesma estrela. Isso tudo varia de acordo com o esquema usado por cada autor para classificar a importância e a  natureza da estrela. Alguns atribuíam o significado baseado na simbologia da constelação, e outros baseados na cor ou em outros elementos. A importância geralmente está relacionada a magnitude.  
Então apesar de a utilização de estrelas ser realmente a gênese da astrologia, não significa que isso tenha se mantido exatamente da mesma maneira até os dias de hoje. Na verdade, estrelas fixas hoje são encaradas como  adereços e são excluídas por muitos astrólogos em suas interpretações. Isso ocorre porque não existe uma forma de se atribuir um significado diretamente aplicável, especialmente de acordo com os moldes modernos. Esse artigo não vai tentar defender a importância do uso das estrelas, apesar de o autor reconhecer como essencial o uso de algumas delas. A questão é que elas são um recurso interessante, mas que deve ser utilizado com cautela, especialmente porque a maior parte da literatura não é muito explicativa – ecos dos tempos dos presságios ainda permanecem na forma como são tratadas as estrelas. Exige interpretação e capacidade de adaptação do elemento a coisas da nossa época. E isso exige se pensar! A estrela fornece uma pista, muitas vezes óbvia, cabe a você descobrir o significado que ela vai manifestar.
Abaixo uma lista com o nome de algumas das principais estrelas fixas, ordenadas de acordo com seu posicionamento no zodíaco:
Alpheraz 14°Áries
Mirach 00°Touro
Algol 26°Touro
Plêiades 00°Gêmeos
Aldebaran 09°Gêmeos
Rigel 17°Gêmeos
Bellatrix 21°Gêmeos
Beteugeuse 28°Gêmeos
Sirius 14°Câncer
Canopus 15°Câncer
Castor 20°Câncer
Pollux 23°Câncer
Regulus 29°Leão
Zosma 11°Virgem
Denebola 21°Virgem
Vindemiatrix 10°Libra
Spica & Arcturus 24°Libra
Accrux 12°Escorpião
Toliman 29°Escorpião
Antares 09°Sagitário
Vega 15°Capricórnio
Altair 01°Aquário
Fomalhaut 04°Peixes
Scheat 29°Peixes
(posicionamento arredondado e válido pra Outubro de 2011)
Em outro post falarei a respeito de que forma podemos utilizar as estrelas fixas em nossas interpretações. 

2 comentários

  1. Acho super interessante a influência das estrelas fixas, estou tentando me aprofundar e aprender direito como usá-las. Posts sobre elas serão sempre bem-vindos para a gente aprender! bj

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