Na imagem o símbolo usado pelo Sopor Aeternus, conhecido como Symbol of Jusa, Ju-Sa, Jupiter-Saturn
Os antigos davam uma importância imensa para as chamadas grandes conjunções, que eram as conjunções formadas pelos mais lentos dentre os planetas visíveis, Júpiter e Saturno. Até hoje nenhum ciclo é mais importante pra astrologia mundial do que o formado por estes dois planetas. O interessante neste ciclo está num padrão de repetições nos elementos dos signos onde ocorrem os encontros, tanto as conjunções quanto as oposições obedecem ao mesmo padrão elemental. Desde os persas, passando pela cultura helênica, árabe, e a medieval-renascentistas, os astrólogos previam a ascensão e o declínio dos seus impérios e dinastias baseados neste ciclo.
Durando aproximadamente 20 anos, um ciclo júpiter saturno sempre começa numa conjunção em determinado elemento, culmina numa oposição onde Saturno quase sempre está no mesmo elemento onde ocorreu a conjunção precedente, e termina numa conjunção, provavelmente no mesmo elemento. Assim o ciclo começa com a conjunção num determinado signo de alguma triplicidade. A oposição ocorrerá então com saturno no segundo signo desta triplicidade, e o fim do ciclo com a nova conjunção dando-se no terceiro signo da triplicidade quando então o ciclo se reinicia. Veja os exemplos abaixo:
Num momento “normal” (ou seja, enquanto não há uma transição de um elemento para o outro), a conjunção entre júpiter e Saturno ocorre em Janeiro de 1901 em 14° de Capricórnio. Entre 1910 e 1911 ocorre a oposição entre júpiter e saturno, com saturno em touro, o segundo signo da triplicidade de terra e Júpiter obviamente em Escorpião. Após 10 anos uma nova conjunção entre júpiter e saturno ocorre, em 1921 no Signo de Virgem, finalizando o ciclo iniciado pela conjunção de 1901 no terceiro signo da triplicidade de Capricórnio, e iniciando ali um novo ciclo.
Já a conjunção do ano 2000 ocorreu em 22° Touro, mas aqui estamos num momento “anormal”, de transição, particularmente na transição entre o elemento terra e o elemento ar. 10 anos depois, entre 2010 e 2011 vemos que a oposição entre Júpiter e saturno ocorre primeiro com Saturno em 27° Virgem, depois com saturno em 02° de libra e mais uma vez com Saturno em 14° Libra no início de 2011. Heliocentricamente, a oposição ocorre na verdade com Saturno em 12° Libra bem no início de 2011. Por fim, este atual ciclo que começou em terra fecha com uma conjunção em signo de ar, no ano de 2020, aos 00° de Aquário.
O diagrama mostra uma versão idealizada do ciclo de 800 anos entre Júpiter e Saturno como se ele fosse uniforme, coisa que veremos que ele não é.
Nem toda conjunção entre júpiter e Saturno é importante. A mais importante é a que ocorre no primeiro decanato de Áries, sendo essa a conjunção que da reinicio ao grande ano formado pelo ciclo como um todo, que tem uma duração total de aproximadamente 800 anos. Neste grande ano temos algo que poderíamos chamar de “4 grandes estações”, que são quatro períodos de aproximadamente 200 anos onde as conjunções ocorrem quase sempre no mesmo elemento. Diferente do que faria supor a lógica, o que dá a característica da “estação” não é propriamente o elemento onde ocorre a conjunção, mas sim o grau de poder que Júpiter e Saturno terão ao estarem conjuntos naquele elemento. Nas estações marcadas pelos elementos fogo e ar, ambos Júpiter e saturno tem poder, mas um deles acaba se sobressaindo mais, júpiter durante as conjunções de fogo e saturno nas conjunções de ar. Nas estações marcadas pelos elementos terra e água, ambos júpiter e saturno não tem força, mas como júpiter fica especialmente afligido sob o elemento terra, saturno predomina nessas épocas, enquanto que saturno que fica especialmente afligido no elemento água acaba sendo superado por júpiter que tem domicílio em Peixes e Exaltação em câncer. Isso será explicado melhor mais adiante.
A primeira conjunção entre júpiter e Saturno em cada uma das triplicidades dá início a uma “nova estação”, o que não significa que a estação anterior seja finalizada por este motivo. Atualmente vivenciamos um exemplo disso. A primeira conjunção júpiter Saturno no elemento Ar dentro deste atual ciclo ocorreu em 1981 no primeiro decanato de Libra. 20 anos depois a conjunção júpiter saturno não se repetiu no elemento ar, ocorreu no elemento Terra, aos 22° Touro. Daqui a 10 anos teremos uma nova conjunção, dessa vez será novamente no elemento ar, em 00° Aquário. Daí em diante todas as conjunções pelo menos até o fim deste século e início do próximo serão todas no elemento ar.
Por que o ciclo não é perfeitinho, bonitinho como nossas mentes adoraria que fosse? O que ocorre é que Tanto júpiter quanto saturno têm órbitas elípticas. Isso significa que existem momento onde eles estão mais rápidos, e momentos onde estão mais lentos. A diferença nas velocidades é pouca, mas é ela que dá os aparentes “erros” no ciclo, que de errados não tem nada. No caso de Saturno, o momento onde ele está mais lento é nos primeiros graus de Capricórnio. Nem sempre isso é assim. Saturno, como todos os planetas tem um Periélio localizado em alguma região do zodíaco e que indica o momento onde ele está mais próximo do Sol e consequentemente mais rápido, e um Afélio quando ele está mais distante do sol e consequentemente mais lento. O Afélio de Saturno a cerca de 2000 anos atrás estava posicionado entre os 20° e 25° de Sagitário. Atualmente este afélio se encontra em algum lugar entre 00° e 05° Capricórnio. Isso significa dizer que saturno ao passar nos signos de Escorpião, Sagitário, Capricórnio e Aquário está especialmente lento. Quando ele passa pelos signos de Touro, Gêmeos, Câncer e Leão ele está particularmente rápido. Daqui a milhares e milhares de anos a situação pode ser inclusive inversa, mas no momento é basicamente isso que temos.
Consultando uma efeméride heliocêntrica (que acaba fornecendo na verdade uma posição média dos planetas a partir de marte em diante, já que exclui as retrogradações), podemos ver com a clareza dos números essa diferença no ciclo de saturno. Heliocentricamente, Saturno ingressou em escorpião no dia 18 de março de 1983. Deixou Aquário em 24 de novembro de 1993. Aproximadamente 10 anos e 8 meses. Saturno ingressou em Touro no dia 19 de outubro de 1998, e deixou o signo de leão em 2 de Outubro de 2007. 8 anos, 11 meses e 20 dias de diferença. Essa diferença toda é que acaba gerando a inexatidão dentro do ciclo júpiter e saturno, especialmente quando levamos em consideração que júpiter também tem isso no seu ciclo. Não vou me alongar muito nesta questão.
Existem autores tradicionais que na verdade propõe que se use uma média nos ciclos júpiter saturno. O astrólogo Rodolfo Veronese falou sobre isso em seu blog. Particularmente, eu acho que é até interessante a tentativa de se encontrar essa média, mas ela precisa ser atualizada para o momento atual. Se usarmos a média de 1000 anos atrás a diferença no nosso ciclo entre a média e o ciclo real é grande demais e isso não faz o menor sentido.
Em um próximo post veremos como são as épocas marcadas pelas conjunções entre júpiter e saturno em cada um dos quatro elementos. Como eu não sou historiador, quem vai me ajudar a contextualizar historicamente os momentos marcados por cada um dos elementos será a wikipédia.