Os ciclos e o tempo na astrologia

O maior propósito da Astrologia é encontrar explicação e sentido para o tempo, bem como uma forma de compreender o passado ou presente, ou possibilitar uma tentativa de previsão do futuro. O tempo é esse pano de fundo onde se deita a realidade, é o fluxo dos acontecimentos, das reações em cadeia de causas e consequências, e é um fenômeno que afeta tanto o que é vivo quanto o que é inanimado. Toda a matéria e todo o espaço são atravessados por ele de maneira brutal e implacável.

Nós , com nossa racionalidade primata, tentamos domar essa besta etérea, invisível e invencível a muitos milênios, sem nunca obter sucesso absoluto. Sempre fica algo de fora, algo de insondável e misterioso que nos frustra. Percebemos a existência do tempo e a partir disso criamos formas de marca-lo, e através de observações astronômicas simplórias, criamos nossos primeiros calendários. É a partir disso que surge a Astrologia: O céu é o relógio primitivo que usamos a milênios para mensurar o tempo, porque os planetas (principalmente a terra) e os luminares, tecem nos céus ciclos que são previsíveis e que se repetem. As lunações e estações do ano são os mais básicos dos fenômenos e baseamos nossos calendários nesses movimentos naturais até hoje.

A partir da observação dos ciclos e repetições de fenômenos astronômicos, o primeiro movimento humano em torno da astrologia foi o de tentativa de previsão do futuro. Se coisas acontecem, e elas tem um marcador sideral que as localiza no tempo, buscamos as repetições, ainda que apenas simbólicas e com elas começamos a construir significados. E a partir disso, se teceram os sentidos que herdamos. Muito do que é cânone na Astrologia Ocidental e Indiana praticadas até hoje, derivam do trabalho realizado pelos sacerdotes astromantes da civilização Suméria. E claro, na medida em que essa sabedoria ancestral foi passada de geração em geração, e também para culturas, línguas e formas de encarar a realidade diferentes, elas vão sendo deformadas pra se adaptar a novas realidades. A astrologia suméria obviamente não é a mesma que chegou até os egípcios, babilônicos, persas, gregos, romanos, hindus, árabes e finalmente até a civilização renascentista europeia e finalmente até os tempos modernos de globalização . Por cada época e cultura , ela perde e ganha referências e se transforma. O que não muda é a matéria prima, é o relógio, e o que continua de maneira consistente são os ciclos.

A modernidade traz consigo uma preocupação maior da humanidade com sua própria subjetividade. É nessa realidade recentíssima que surge o conceito de Mapa Astral por exemplo. Mas até mesmo nisso a essência da astrologia não muda , o que muda são os objetivos. Os objetivos antigos, de tentativa de previsão do futuro, ainda continuam válidos. Mas hoje empregamos a astrologia também para nos compreender enquanto pessoas, ou compreender nossos relacionamentos por exemplo.

No caso do mapa astral, o que o mapa retrata é uma imagem estática do momento em que a pessoa nasceu em determinado local , de maneira gráfica. O astrólogo na realidade está decifrando um fragmento de tempo e usando isso pra tentar traduzir uma vida humana. Da mesma forma que os astrólogos mais antigos usavam retratos dos céus pra prever o desfecho de acontecimentos terrenos na astrologia horária, ou que os ainda mais antigos usavam para suas grandes previsões de caráter político e religioso.

E ainda usamos esse mapa estático do nascimento da pessoa para verificar a forma como o gráfico dela lida com o gráfico do momento presente, quando atualizamos os ciclos planetários para agora . É basicamente assim que funcionam os trânsitos astrológicos bem como outras técnicas com finalidade preditiva na astrologia natal. Elencamos as maneiras como um determinado ciclo planetário , no estágio em que ele se encontra agora no céu, se encaixa com aquele céu de quando nascemos, que é uma outra forma pra se referir ao nosso mapa astral.

A base da astrologia sempre foi a astronomia, e essa responde pelo que existia de exato na astrologia, que são as marcações de tempo. Hoje com a separação dessas duas matérias, essa base é instrumentalizada pela astrologia, mas a tentativa de interpretação dos fragmentos de tempo impressos nos mapas astrológicos não são uma ciência exata, e nos mantém presos até hoje, a certas limitações.

Isso não impede porém dos ciclos seguirem acontecendo , e se repetindo e muito frequentemente se confirmando naquilo que eles pressagiam. Há algo de essencialmente insondável no tempo, que o torna um tema muito mais apropriado para a filosofia do que para a ciência. É válido inclusive se questionar se existe de fato o tempo e existe esse questionamento tanto no campo da física quanto da filosofia. Será que realmente existe o tempo ou apenas a casualidade como princípio? Não há respostas definitiva.

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