A conjunção

Teoricamente a conjunção não é um aspecto. Se você leu o texto escrito aqui neste blog a algumas semanas atrás em relação aos Aspectos Astrológicos percebeu que eu já mencionei isso. Digamos que oficialmente uma conjunção não é um aspecto, mas a conjunção é a forma mais perfeita de conexão entre planetas. Na Astrologia Horária, a chamada “perfeição” pra um determinado assunto muitas vezes depende da existência de uma conjunção. Os aspectos falam em “conexões indiretas”. É como se os planetas conseguissem se ver e se ouvir, e se comunicam a distância, influenciando indiretamente um ao outro. No caso da conjunção eles ocupam o mesmo espaço, como se fundissem e se tornassem uma coisa só. A relação angular teórica é de 0°, mas as orbes podem estender isso pra até mais de 10°.

Podemos encarar a conjunção “como se fosse” um aspecto, mas, via de regra, as conjunções não são aspecto, são a conjugação física entre os planetas, elas vão muito além dos aspectos em termos de efeitos e potencial. Pra compreender as conjunções é muito importante entender a relação natural que existe entre cada planeta. Certas conjunções são facilitadas por uma espécie de relação prévia de simpatia ou amizade entre os planetas, enquanto que outras são prejudicadas por uma espécie de relação de antagonismo entre os planetas. Alguns planetas atuam “abençoando” os planetas que eles tocam. É o caso de Vênus e Júpiter. Outros funcionam como um fator que atrapalha a priori, é o caso de Marte e Saturno, por serem maléficos, e do sol, na maioria dos casos, por tornar os planetas com quem forma conjunção combustos.

A relação ‘natural’ que existe entre cada planeta

De Modo geral, o Sol se entende com Mercúrio, Vênus, e Júpiter. A lua se recente do seu excesso de calor, mas digamos assim: do ponto de vista solar não há problema algum em ter a lua como companhia. O sol não se agrada da presença de Marte e de Saturno. Aliás, poucos são os que os toleram.

A lua tolera Vênus, sua amiga, e também Mercúrio e Júpiter, os sábios, e se recente do Sol, de marte e de Saturno.

Mercúrio é capaz de se dar bem com todos! É o mais adaptável e sempre se deixa contaminar pelas características do planeta ao qual está unido.

Vênus gosta de todos, inclusive de marte. Ela só não gosta da presença de saturno, mas é capaz de tolerá-lo.

Marte odeia a todos, gosta somente de Vênus e ‘tolera’ mercúrio, já que este provavelmente jogará no seu time se a ele estiver unido.

Júpiter é o rei da tolerância, e de modo geral ele terá problemas somente com a presença de Marte.

Saturno, no fundo, odeia e inveja a todos, mas tem um carinho especial por Vênus. São poucas as conjunções envolvendo este planeta com potencial positivo.

Então uma conjunção entre Vênus e Saturno funciona da seguinte maneira: Vênus, de modo geral, se sente oprimida pela presença de saturno, e este em contato com a umidade de Vênus tem sua natureza ligeiramente humanizada. Marte e Vênus tende a funcionar perfeitamente na maioria dos casos. Saturno com Júpiter funciona bem, apesar de Saturno não ter nenhum apreço especial por Júpiter, a tolerância deste outro é capaz de proporcionar uma boa relação.

Tudo, na verdade, vai depender do seguinte: Qual dos dois (ou mais) planetas tem mais força no local em que a conjunção ocorre? Pra isso é necessário conhecer bem as dignidades essenciais de cada planeta. Vamos tomar como exemplo a conjunção vênus e saturno:

No caso de Vênus e Saturno, se a conjunção ocorrer em Touro, onde Vênus tem domicílio e Saturno está peregrino, ela tende a funcionar de forma positiva, porque vênus impõe sua energia, já que ela tem mais poder de atuação neste caso. Mas se a conjunção ocorresse em Aquário, onde Vênus é peregrina e saturno tem domicílio, já não seria uma conjunção tão boa, porque a força de saturno neste caso acabaria sufocando a ação venusiana, esta ficar oprimida demais. Libra parece ser o local ideal pra que ocorra esta conjunção, porque ambos os planetas estão muito fortalecidos. Em Áries, ambos estão muito aflitos, e no geral a conjunção acentuaria o aspecto negativo de cada um dos posicionamentos. No caso de a conjunção ocorrer em um local onde ambos os planetas estão peregrinos, como em Sagitário por exemplo, é necessário verificar a posição de júpiter, o dispositor pra saber se ele beneficia a algum dos dois de forma específica.

Algumas regras gerais:

Mesmo que Vênus tolere a presença de Marte e de Saturno, até mesmo ela é afetada por esta regra geral: Todos os planetas em contato com Marte ou Saturno por conjunção são considerados afligidos. O contrário vale para os contatos envolvendo Vênus e Júpiter: Qualquer planeta em conjunção com Vênus ou júpiter é beneficiado. Isso independe do signo em que ocorre a conjunção, evidentemente os elementos interpretativos são melhor elaborados quando todos os detalhes são considerados, mas em geral esses contatos funcionam dessa forma. No caso da conjunção de Vênus e de Saturno, Vênus beneficia a ação de Saturno, e Saturno aflige Vênus, atrapalhando sua manifestação em algum nível. O local onde ocorre a conjunção ajuda a explicar melhor a história, mas essa indicação geral já é um elemento importante. Se numa horária de relacionamento, um das pessoas é Vênus e a outra é Saturno, é sinal de que em algum nível a pessoa representada por Vênus se sente mal nesta relação, e a pessoa representada por Saturno se sente especialmente beneficiada.

Outra regra geral: O Sol em si é benéfico, mas ele se torna maléfico quando torna outros planetas combustos (em outras palavras: quando com eles forma uma conjunção). Pra que isso fique claro: Se numa horária, o significador de determinado assunto é o sol, de modo geral este assunto é beneficiado por estar representado por um benéfico. Mas se temos que analisar dos significadores e um deles é o sol, neste caso o sol será um maléfico para este outro significador. É porque o Sol é como um rei, a ação de todos fica em função dele quando estes estão em seus domínios, todos os planetas perdem sua liberdade de ação em algum nível, mesmo quando essencialmente dignificados.

Pra Vettius Valens, autor antigo, representante da astrologia helenista e que viveu a quase 2000 anos atrás, de acordo com um trecho que eu li na sua antologia, as conjunções tem certas indicações psicológicas que vão um pouco além destes conceitos de malefício e benefício. Quando ele fala das conjunções envolvendo dois ou três corpos celestes, entre as páginas 48 e 59 da primeira parte da Antologia e faz uma série de referências interpretativas com o objetivo e ilustrar a relação existente entre cada planeta e que parecem ter uma relação interpretativa direta pra Astrologia Natal. De fato, conjunções não são eventos celestes corriqueiros, especialmente as que envolver 3 ou mais planetas, e elas certamente tem um impacto especial sobre a vida de quem nasce com essas marcas em seus mapas de nascimento.

Na Astrologia Moderna

Então a forma moderna de encarar as conjunções, no fundo, faz bastante sentido, quando busca associar uma conjunção com determinada marca da personalidade da pessoa, que sem dúvida alguma será muito evidente. Falando em astrologia moderna, é necessário citar as conjunções envolvendo os planetas modernos.

De modo geral, esses planetas recebem periodicamente a visita dos planetas mais rápidos, que por sua vez são ‘contaminados’ por suas características e não o contrário. Seu urano não fica “venusiano” com a presença de vênus sobre ele, mas sua vênus certamente atuará de maneira uraniana se você nascer com Vênus em conjunção com Urano. Apesar de não serem ativos (eles sempre recebem os aspectos ao invés de aplica-los devido a sua lentidão), Urano, Netuno e Plutão causam um forte impacto quando em conjunção com outros planetas ou ângulos. O Impacto é maior quanto mais pessoal for o planeta, e as características destes corpos mais lentos ficarão sem dúvida alguma muito evidentes nas vidas das pessoas que nascerem com tais conjunções.

Conjunções envolvendo Ângulos

Os Ângulos (Ascendente e Meio do céu principalmente) não aplicam aspecto ou conjunção, apenas recebem diariamente a passagem dos planetas na medida em que estes ascendem ou culminam. As conjunções com o Ascendente tem o potencial de distorcer as características do signo ascendente a níveis extremos. Por exemplo, uma pessoa com saturno em gêmeos em conjunção ao Ascendente terá características que contrariam de forma drástica o que o ascendente geminiano diria por si mesmo. É porque os planetas conjuntos aos ângulos funcionam como se estivessem em foco constante e suas características se tornam muito dominantes na vida das pessoas que nascem com essas conjunções, no ano de quem tem uma revolução solar com determinado planeta em algum ângulo, ou nos assuntos de determinada horária que é aberta quando determinado planeta aparece conjunto a um ângulo.

Conjunções fora de signo

Há um consenso geral em relação a isso no que diz respeito a tradição. De modo geral, conjunções fora de signo não existem, a não ser que a orbe seja muito extreita, menos que 2° por exemplo. É porque existem alguns enunciados que dizem por exemplo, que um planeta “tem força no ponto em que ele se encontra, no Ângulo anterior e no ângulo posterior”. Então um planeta em 1°44’ de determinado signo na verdade “ESTÁ” entre o 00°44’ e o 2°44’ deste signo. Ainda que sua orbe seja maior, ele so poderia ser considerado em conjunção com um planeta em outro signo se este estivesse, de fato, em 29°44’ deste signo, já que assim ele “ESTARIA” entre os 28°44’ daquele signo e os 00°44’ do outro signo. Nestes casos, como disse, existe um consenso de que a conjunção fora de signo é válida, em outros casos não.

Quem segue somente a astrologia moderna em geral costuma considerar conjunções fora de signo, e este é um tema complexo porque parte de conceitos mais estruturais que geralmente não ficam bem explicados, e as vezes é difícil saber o que exatamente a pessoa está seguindo. Em geral, quem considera cegamente e aplica a questão das orbes ignora o fato de que uma conjunção não é um aspecto, e com certeza absoluta ignora o que os aspectos realmente são historicamente. E há ainda a questão muito comum atualmente da aplicação de determinadas orbes em função do tipo de aspecto e não em função dos planetas envolvidos. Isso será discutido em posts futuros, onde falarei da questão das orbes e em outro onde tratarei dos aspectos menores.