Trânsitos Astrológicos

Os trânsitos são o movimento dos planetas nos céus e sua relação com nosso mapa de nascimento. Eles simbolizam acontecimentos que são aparentemente de origem externa, além de formar conosco importantes ciclos. Eles marcam o tempo de forma mais universal, qualificando momentos através de símbolos comuns a todas as pessoas.

A astrologia tem uma série de técnicas preditivas baseadas unicamente no mapa do nascimento do indivíduo. Assim são, por exemplo, as progressões. Os trânsitos são como um elo coletivo, uma linguagem simbólica captada por todas as pessoas. As pessoas terão o seu ciclo pessoal de vida, que é visualizável pelas progressões ou por outras técnicas, mas o mundo tem uma espécie de ciclo absoluto que simplesmente é o transitar aleatório dos planetas em seus diferentes ritmos.

Para os antigos astrólogos ocidentais, os trânsitos não tinham a importância que hoje tem para a astrologia moderna. Isso se deve ao fato de que a astrologia praticada no passado não era centrada nas pessoas, não era necessariamente para as pessoas. O pensamento antigo não concedia importância às individualidades, as pessoas eram uma massa e apenas algumas, “designadas por Deus” recebiam uma importância maior. Era o caso da família real e dos componentes de clero e nobreza: Havia uma astrologia natal, preocupada com os ciclos pessoais dessas pessoas, mas essa não era aplicada exclusivamente a eles, aos que podiam pagar os serviços dos astrólogos que eram uma minoria. E de qualquer forma, o foco de preocupação mesmo dessas pessoas não era nelas mesmas, mas nos assuntos corriqueiros de suas vidas. As demandas atuais, entretanto, são outras.

Mas os antigos davam uma enorme importância para a astrologia mundana, ou mundial. Estavam sempre atentos ao céu, aos ciclos de conjunções formados pelos planetas, aos eclipses e aos eventos extraordinários como passagens de cometas. Esta astrologia, porém tinha uma importância para a política, a agricultura, ao acompanhamento de ciclos naturais. Não tinha relação nenhuma com uma pessoa em si mesma.

A astrologia moderna surge junto de uma nova forma de se encarar o ser humano: a pessoa como centro do seu próprio universo. Ela surgiu junto de um novo tipo de pensamento coletivo na sociedade ocidental, de uma transferência de perspectivas: antes Deus era o centro do mundo, e era absolutamente normal o fato de uma pessoa não se enxergar como individualidade. O antropocentrismo transferiu este “centro de mundo” para o homem, na verdade descentralizou o mundo, mesmo que isso aconteça e seja vivenciado pelas pessoas de forma ilusória: as pessoas são tentadas a achar que são livres e únicas, mesmo que atreladas a uma série de obrigações que não as torna realmente livres. A questão, porém não gira em torno da veracidade do fato, mas na diferença de perspectiva que naturalmente leva a novas demandas. A psicologia surge nesta onda, e a astrologia ressurge em compasso com o mesmo movimento. E esta astrologia que insurge vem agora para atender a ânsia humana em se compreender, atender a esta demanda que até então não existia.

Os trânsitos são, portanto uma importante ferramenta porque nos ajudam a entender de que forma está se dando o relacionamento da pessoa com o mundo que a circunda, de que forma ela reage à exposição de símbolos no extrato coletivo que hora são uma representação fidedigna dela mesma, hora representam tendências absolutamente contrárias a sua própria essência. Em alguns momentos essa pessoa estará harmonizada e se rejubilando neste mundo, em outros estará descontente e infeliz porque sente que o “clima” que predomina em um determinado momento lhe é hostil.