Maria Antonieta

Mesmo tendo vivido a tanto tempo atrás, poucas figuras históricas refletem com tanta fidedignidade aspectos da cultura moderna. Quem assistiu o filme de Sophia Coppola de 2006 pode até ter achado que se tratava de uma mistura entre a biografia da figura e uma releitura do filme as patricinhas de Beverly Hills, mas tirando-se alguns elementos que serviam muito mais pra que conseguíssemos nos ambientar ao clima retratado (como a trilha sonora repleta de músicas modernas misturadas com acordes de pianos, violinos e violoncelos), acho que o retrato acabou sendo fiel. Óbvio que o filme não tratou tanto das questões políticas, o foco foi na personalidade. Fica evidente através de sua história que apesar de todas as revoluções tecnológicas, científicas e culturais, o ser humano em si pouco muda. A mesma Maria Antonieta, Rainha da França do final do século XVIII pode servir também como personificação da elite moderna que povoa nossos shoppings e boates de luxo.    
Maria Antonieta era a personificação da futilidade e da ingenuidade. Tinha um espírito voraz, sedento por prazer e diversão, e passava longe do estereótipo que normalmente se faz de uma rainha ou das atuais primeiras damas. Ela era a personificação da juventude da Elite Europeia daquele período: Alienada, ingênua, hedonista e inconsequente. Seus inimigos a chamavam de Rainha do Débito, e não sem razão. Ela gastava torrentes incalculáveis de dinheiro público em festas, apostas, encenações de teatro e financiamento de artistas que tinham a sorte de cair em suas graças, e era acusada de ser uma das causadoras da crise econômica que assolou a França durante a década de 80 do século XVIII. Assim que foi coroada, uma de suas primeiras atitudes foi a de promover uma faxina na corte, enchendo-a de gente jovem, alegre e divertida. Tudo em nome do seu prazer. E ela não era muito diferente do seu marido, o Rei Luiz XVI: enquanto ela se deleitava em chás com suas amigas regados a música e jogos, ele gastava boa parte do seu tempo em caçadas pelos bosques de Versalhes. Era como se ambos, tendo sido atirados àquela situação de imensa responsabilidade, quisessem se desvencilhar do peso que lhes era imposto.

Ninguém escolhia se seria ou não um Rei: se nascia herdeiro e se enfrentava a responsabilidade mais cedo ou mais tarde. E o não enfrentamento custou caro tanto a Luiz XVI quanto a Maria Antonieta: ambos terminaram seus dias guilhotinados durante a Revolução Francesa. Maria Antonieta teve o agravante de ser condenada por traição, em virtude das suas frequentes tentativas em beneficiar o reino da Áustria, de onde ela era original.

O mapa astral de boa parte dos monarcas é tido como acurado, uma vez que os nascimentos das crianças filhas de reis era quase sempre assistido por uma grande comitiva. Ela teria nascido no dia 2 de novembro de 1755 as 19:30 em Viena, Áustria. Veja o mapa:
Chama atenção o posicionamento da Lua, regente do mapa, em conjunção a estrela Spica, que no ano de 1755 estava nos arredores dos 20° de Libra. Como já mencionei em um post relacionado a esta estrela (clique aqui), esse posicionamento tende a regar a vida dos nativos com luxo, prosperidade e alegrias. E de fato ela foi uma rainha feliz, diferente de outros monarcas mais austeros e melancólicos, ao invés de reinar ela passava o seu tempo se divertindo.
O hedonismo fica evidente quando percebemos que 4 planetas ocupam a casa 5: Lua e Júpiter em Libra, e Sol e Vênus em Escorpião. Os regentes das casas 1, 2, 3, 5, 10 e 12 estavam, portanto todos em função dos significados desta casa. Além da obrigação da maternidade que servia para garantir a aliança entre Áustria e França, e que foi na realidade a sua grande responsabilidade de vida (regente da casa 10 na 5), havia toda a questão do interesse por artes, jogos e sexo, assuntos da casa 5. O Rei pouco se importava da participação da rainha nos famosos bailes de máscara da alta sociedade francesa, onde ela vivia suas aventuras.
Ela era uma escorpiana fútil: Além de o planeta regente do mapa ser uma Lua em conjunção com Spica na casa da diversão, ela tinha uma conjunção quase exata entre o Sol e a Vênus em detrimento, no signo de Escorpião, também na casa 5. Essa é a Vênus faminta, insaciável e incorrigível, completamente a mercê dos desejos e ditames do ego (a combustão). A quadratura entre o Sol e Netuno se manifestou na alienação e a forte tendência ao escapismo. Tanto ela quanto o marido eram pessoas que simplesmente não tinham noção do que acontecia ao redor deles, eram desconectados de sua própria época, viviam uma infinita adolescência. O povo morria de fome e enquanto isso ela se divertia nos teatros, salões e mesas de jogos, onde apostava o dinheiro da coroa.
A posição de Marte em Câncer em queda, e em conjunção com a cúspide da casa 2 explica o dom que ela tinha para incinerar recursos . A quadratura de Marte com a Lua explica porque essa sua característica contribuiu tanto para a dilapidação de sua imagem, inicialmente carismática. Além disso, Saturno em quadratura próxima com a Lua fala de uma certa inadequação e impopularidade.  Ela terminou os seus dias execrada, apesar de sua imagem ter se reabilitado no imaginário coletivo logo depois de sua morte. Os boatos contra ela eram inúmeros, e ela era diretamente acusada  por muitos dos problemas que assolavam a França.