Quem são seus inimigos?

Na nossa vida sempre existem antagonistas, pessoas que se colocam no nosso caminho por algum motivo, ou que simplesmente nos antagonizam por terem objetivos que se chocam com os nossos. Muitas vezes não enxergamos com clareza a existência do antagonista, mas ele é parte fundamental da existência, da mesma forma que todo sólido quando exposto a luz projeta uma sobra, que não passa de uma extensão dele mesmo. E da mesma forma que alguns sólidos animados tem medo de suas sombras, muitos de nós acabamos temendo essas “sombras” que projetamos e que são consequência de estarmos de pé, diante da luz. A única forma de não se ter uma sombra, é vivendo sob a escuridão absoluta! Já parou pra pensar nisso? Então por que não olhar pra esta sombra e dialogar um pouco com ela?
Libra representa a forma como vamos lidar com o outro – Todos os outros. Tanto os que são nossos amigos, quanto os que são nossos inimigos. Mas é preciso entender quem é o inimigo de fato. Nós não conseguimos enxergar como uma pessoa é em sua totalidade. Mal conseguimos essa proeza quando estamos diante de um espelho! Quando estamos diante de um espelho nós enxergamos quase sempre o que está na frente, não vemos o outro lado, e nem o que está por dentro. Se vemos o que está atrás, deixamos de ver o que está na frente , e enquanto nos ocupamos com o outro lado, aquilo que tínhamos como certo pode mudar e ficar irreconhecível. E o que acontece quando abrimos uma pessoa pra ver o que tem dentro dela? Na maioria das vezes ela morre, especialmente quando o procedimento não é feito por um médico. E se ela sobrevive ao processo, quando fechamos o seu corpo, seu exterior pode ficar irreconhecível com as marcas.  
A maior parte do que sabemos sobre uma pessoa são nossas ideias sobre ela. Aquilo que vemos sobre ela, vivenciamos com ela. Mesmo com uma pessoa com quem convivemos diariamente, não temos acessos a todas as facetas dela. Somos diferentes personagens em diferentes universos, muitas vezes universos paralelos, sem conexão nenhuma entre eles, e pra cada pessoa representamos alguma coisa. Pra imensa maioria da humanidade, não representamos nada, no máximo um número de estatística. Mas para aquelas pessoas que frequentam o nosso universo, que se relacionam conosco direta ou indiretamente nós sempre seremos alguma coisa. E este conceito estará sempre em mutação. Praticamente, a cada novo encontro algo irá mudar a respeito daquilo que pensamos sobre aquela pessoa.
Isso acontece porque pouco nos relacionamos com a pessoa de fato, com o que ela é de fato em essência. Corremos o risco de viver a vida inteira sem realmente conhecer  a pessoa que está ao nosso lado, e não, isso não é egoísmo. Nós não temos condições de dominar tudo a respeito de uma pessoa. Conseguimos isso em relação a nós mesmos? Nossa atração e nossa repulsa estão completamente alicerçadas nas impressões que tivemos daquela pessoa, no conjunto de impressões. E por algum motivo certas pessoas “puxam” facetas da nossa personalidade, outras pessoas “puxam” outras facetas. Nós nunca escolhemos qual parte de nós vai entrar em cada um dos relacionamentos que travamos.
A nossa casa 7 reflete o que projetamos sobre os outros: principalmente os planetas que estão na nossa casa 7. E os principais alvos dessas projeções de casa 7 são nossos duplos/complementares : cônjuges e inimigos. Como normalmente a pessoa com quem nos relacionamos, e a pessoa a quem odiamos tem alguma correspondência direta com a nossa casa 7, fica fácil compreender que na realidade nós estamos sempre em busca de um determinado conceito de ser humano, e quando encontramos aquele que atende os pré-requisitos do nosso conceito, mergulhamos no relacionamento. Quando a relação não funciona, está criado um inimigo. Mas sempre há a conexão, o outro acabará sempre satisfazendo a fantasia que fazemos, e é só por isso que estaremos com ele. Fantasia que sempre tem 2 lados.          
O signo da casa 7 será sempre o oposto ao signo do Ascendente, e como oposto ele é tanto complemento quanto negação do que o ascendente representa. Será sempre o parâmetro nivelador, o fiel da balança, será o elemento que complementa nossas carências e oferece limites e obstáculos para uma caminhada equilibrada.
E os inimigos são justamente esses elementos que criamos, cuja função é de promover equilíbrio. Se estou indo rápido demais, o outro surge para oferecer os limites que eu sinalizei que são necessários. Se estou sendo lento, o outro vem e ocupa o meu lugar pra me mostrar que eu preciso me mover. Se estou sendo um tirano, eu atraio os rebeldes. Se estou fazendo corpo mole, eu crio o tirano. Se eu nego, automaticamente eu crio a afirmação através de um outro, e se eu demonstro certezas, eu atraio as perguntas. Por mais que nos vitimemos, o outro, “o inimigo”, jamais surgiria em nosso caminho sem que tenhamos criado um precedente para a sua existência.
Se você acredita que existem pessoas más ou que deliberadamente desejam o seu mal, provavelmente está no mesmo grupo de pessoas que acreditam que o amor se personifica através de um príncipe encantado que surge em um cavalo branco pra lhe trazer paz, felicidade, amor, e o melhor, sem exigências e sem questionamentos.  Nem uma coisa e nem outra existem de fato. O que existe é um jogo que criamos. Por mais que o outro tenha lhe ferido, magoado, traído ou sei lá que terríveis atrocidades ele tenha cometido, é necessário assumir a responsabilidade pela sua criação. Quer queira, quer não queira, o relacionamento é uma criação sua! Talvez uma co-criação, entre você e a outra parte, que seja. Mas você também é responsável. É confortável projetar o mal no namorado que nos traiu, no desafeto que nos inveja ou mesmo no patrão tirano ou nos funcionários rebeldes. Mas infelizmente, é muito provável que você os mereça, e que se algo ruim foi promovido por alguém, é porque você abriu precedentes para este mal, porque antes de ele surgir ouve todo um processo de incorporar a vulnerabilidade.